Rubem Braga, o crítico musical

Rubem Braga, o crítico musical

Rubem Braga, o sabiá da crônica, dizia ter um “ouvido grosso”, incapacitado para uma audição crítica de música popular ou clássica. Mesmo assim – e, na verdade, era mais um de seus charmes de cronista – ele escreveu centenas de textos, desde o final da década de 1930 até 1990, quando morreu, sobre tudo o que foi importante na música brasileira. Gostava da alegria de Carmen Miranda, mas achava Orlando Silva apenas um adepto do “bezerramento desmamado”. Uma antologia desses textos, organizada pelo pesquisador Carlos Didier, está sendo publicada pela editora Autêntica, com o título de Os moços cantam (vem numa caixa com livros especiais ainda sobre a atuação de Braga na crítica de artes plásticas e na observação política). Neste programa, Joaquim Ferreira dos Santos destaca alguns trechos do encontro do cronista com compositores pouco lembrados (como Monsueto), os festivais de música popular dos anos 1960 e a qualidade discutível das letras do grande poeta Vinicius de Moraes. Era um ouvinte sem preconceito. No início do século, ele se punha ao lado de Aracy de Almeida, sambista de primeira hora. No final, saiu em defesa de Rita Lee, a roqueira que os críticos nacionalistas do final do século XX não aceitavam como música brasileira.

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